A DOR FAZ PARTE DA VIDA

A dor faz parte da vida. Uma frase, uma conclusão, uma verdade, tão simples quanto profunda, dita no encerramento do bate-papo pós-aula guiada, pelo professor Lucas Carvalho, que tem o dom de colocar em palavras claras muitas ideias que me rondam. Fica aquela sensação alegre do “era isso mesmo que eu queria dizer!”.

No bate-papo pós-aula, o professor Lucas pontuou vários aspectos a respeito da dor que merecem séria reflexão. Entre os praticantes de Ashtanga Yoga, as dores e o medo de uma lesão séria são frequentes e recorrentes. E há mesmo dor, bobagem querer dizer o contrário. Mas, se a dor é inevitável, o sofrimento é, sim, opcional!

O princípio de tudo é que tenhamos a capacidade (e, antes dela, coragem e disposição) para (re)conhecer a dor e poder decifra-la como uma mensagem que o corpo nos envia. É uma dor de alongamento? De abertura? É sinal de que estou ganhando espaços e descobrindo possibilidades com meu corpo? É uma dor que nasce mesmo no físico? Ou nasce no emocional e vem se manifestar na articulação, no músculo, na hora da prática, para levar minha atenção  a alguma questão que está em outro campo, fora do tapetinho de yoga?

Se sinto alguma dor ao entrar numa postura, a tendência, de imediato, pode ser a de acreditar que a causa da dor é a postura. E aí, por medo de sentir dor, passo a evitar a postura, ou até a acreditar que a tal postura não é possível para mim. Ou ainda, se tenho dor, paro de praticar até que a dor desapareça. Não faço movimentos e não sinto a dor, mas voltando à prática, a dor geralmente reaparece. Então, qual a melhor maneira de lidar com a dor? Penso que o melhor é compreender o motivo da dor para decidir como lidar com ele (motivo) e com ela (dor).

O exercício de lidar com a dor que aparece durante a prática pode ser bastante salutar, pois pede atenção plena ao momento, consciência do corpo e do agora. Porém, é preciso discernimento e compreensão para entender que se trata de um processo. Ninguém está querendo aqui dizer que é bom sentir dor, ou que se deve praticar com dor sem dar importância a isso. Não mesmo. Mas é importante estar disposto a estabelecer esse diálogo franco e aberto entre mente e corpo.

No começo parece estranho. Como é possível saber de onde vem a dor, ou que tipo de dor é essa? Mas com o tempo a gente aprende a (se) observar e passa a compreender muito melhor TUDO o que acontece, tanto na prática quanto na vida. Autoconhecimento. Acho que podemos chamar assim.

Texto de Vanda Laurentino