Muitas vezes, percebemos as mudanças que ocorrem em nosso corpo e em nossa mente diante das circunstâncias em que vivemos. Hábitos saudáveis tornam-se, então, um passo fundamental para melhora física e espiritual.
Para começar o auto-cuidado e a busca do bem-estar, o indivíduo observa que muitas são as opções: dança, caminhada, academia, esportes em geral, somados a uma dieta equilibrada… mas, ainda parece que falta algo… Então, eis que surge o ímpeto de conhecer o Yoga.
Para muitos, Yoga é apenas sentar e meditar, alcançando, assim, um nível de plenitude e realização. Para outros, Yoga é um conjunto de posturas difíceis e elaboradas, que somente pessoas muito flexíveis conseguem fazer. O que é, então, o Yoga? Religião? Posturas? Atividade física?
Yoga, é união. Praticamos Yoga quando, através dos seus ensinamentos, passamos a olhar para dentro de nós e, assim, percebemos que somos parte do todo. Yoga é aberto para quem o quiser pois, independentemente das convicções individuais, todos poderão conhecer seus benefícios, cada um a seu tempo. Ao praticante sincero, o Yoga será, ao mesmo tempo, rigoroso, tolerante e acessível.
Os asanas (posturas psicofísicas que vemos os praticantes executando) fazem parte do Yoga como um veículo para o conhecimento do seu corpo, levando assim a percepção de como ele está no momento presente, através da execução de movimentos alinhados à respiração. Para o praticante, o processo do asana passa necessariamente pela construção de um novo corpo, no qual a energia não mais encontra obstáculos para circular.
A meditação é o objetivo após o asana. Pedro Kupfer (professor e escritor de livros de Yoga) nos diz que é quase impossível sentar para meditar se não estivermos acostumados a manter uma posição por um certo tempo, sem sentir o mínimo desconforto e sem que apareça nenhuma dor, nenhum movimento inconsciente, nenhuma dificuldade para respirar. Estas técnicas fortalecem o sistema nervoso, regulam o metabolismo, melhoram a respiração, e nos ajudam a manter sob controle as emoções, atitudes e pensamentos.
E quais são os obstáculos que impedem a prática de Yoga? Podemos afirmar que os principais são: preguiça, dúvida, angústia, dispersão e o ego. E não é fácil lidar com esses obstáculos, pois a mente nos convence que será difícil e que é mais satisfatório ficar sem nos entregarmos à prática de Yoga do que passar por possíveis frustrações de não conseguir realizar aquilo que foi proposto. Para isso, cada metodologia de ensino do Yoga possui ferramentas para fazer com que haja dispersão desses pensamentos.
Em nossa escola Satyagraha de Ashtanga Yoga, seguimos a tradição de praticar seis vezes por semana, exceto nos picos de lua cheia e lua nova. Diante dessa rotina, para estar presente no tapetinho, faz-se necessário exercitar os dois princípios centrais contido nos Yoga Sutras de Patanjali: Prática (Abhyasa, 1.13) e Não-apego (Vairagya, 1.15), sobres os quais o sistema inteiro do Yoga se apoia (1.12). É pela prática e pelo cultivo destes dois princípios que os demais passos do Yoga são desenvolvidos, e a atuação sobre o campo da mente acontece (1.2). A prática nos leva na direção certa e o não-apego permite que continuemos a jornada interior sem nos desviarmos por causa das dores e prazeres encontrados ao longo do caminho.
O Yoga deve, então, ser pautado na disciplina, continuidade e dedicação. A disposição para passar por esse processo é fundamental para que os benefícios venham gradualmente. Yoga é o caminho, é a maneira de nos conduzirmos para uma vida com presença, esforço e satisfação. Yoga é uma vida de ação.
Texto de Bruna Parente